Um ilustre lagoense: Dom José Alves Trindade

Inicia-se as comemorações de seu centenário

Arquidiocese de Montes Claros e paróquia de Lagoa Dourada comemoram centenários na Festa de Nossa Senhora Aparecida.

Em Montes Claros

No próximo dia 7 de outubro, o Arcebispo Metropolitano Dom José Alberto Moura presidirá solene comemoração do centenário de instalação da Diocese de Montes Claros e posse de Dom João Antônio Pimenta como primeiro bispo, e, de forma simultânea, abre oficialmente o centenário de nascimento de Dom José Alves Trindade, o 5º na linha sucessória. A iniciativa ocorrerá durante a tradicional Festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e da Catedral Metropolitana. A programação prevê a realização de Missa em Ação de Graças às 18h30min, no majestoso templo da Praça Pio XII, centro, logo após o 5º dia da novena em honra à mãe de Jesus, e que terá como um dos concelebrantes o Arcebispo Emérito Dom Geraldo Majela de Castro.

Por volta das 20h30min haverá sessão histórica no Palácio Santa Cruz, que fica na Praça Doutor Chaves (Matriz), centro da cidade. Conhecido como Palácio do Bispo, o local é um dos legados do episcopado de João Antônio Pimenta. O momento constará de palestras sobre os governos de Dom João Antônio e Dom José Alves e a influência deles na história de Montes Claros.

 Os bispos da Diocese de Montes Claros que, em 2001, tornou-se sede metropolitana ou arquidiocese da Província Eclesiástica de Montes Claros, são: Dom João Antônio Pimenta (1911-1943), Dom Aristides Porto (1943-1947), Dom Antônio Morais (1948-1951), Dom Luiz Victor Sartori (1952-1956), Dom José Alves Trindade (1956-1988), Dom Geraldo Majela de Castro (1988-2006) e Dom José Alberto Moura (2007-  ).

 

Em Lagoa Dourada

Mas as comemorações avançarão além dos limites do Norte de Minas. É que, no dia 9 de outubro, Dom José Alberto e Dom Geraldo Majela darão continuidade à abertura do centenário de nascimento de Dom José Alves Trindade no município mineiro de Lagoa Dourada, localizado no Campo das Vertentes, sua terra natal. Lá estará Vera Cruz Trindade, única viva dentre os sete irmãos do saudoso prelado. Verinha, que cuidou de Dom José Alves por mais de três décadas, mora hoje na casa que o próprio irmão teve a iniciativa de construir. Assim que se tornasse emérito, pensava em retornar para Lagoa Dourada, mas nunca cumpriu a promessa. Preferiu permanecer na sede da Diocese. Dono de um pastoreio de 39 anos, dos quais sete na Bahia e os 32 restantes à frente da Igreja Particular de Montes Claros, morreu aos 92, em março de 2005.

 Mas, em Lagoa Dourada, as grandes comemorações pelo centenário natalício de Dom José Alves Trindade ocorrerão entre os dias 18 e 21 de outubro, quando haverá uma programação especial. Nesses dias, acontecerão celebrações festivas e palestras especiais em homenagem a este homem tão importante para a Igreja e para Lagoa Dourada e que no dia 07 de outubro estaria completando 100 anos, caso vivo estivesse. 

 Como destaque das comemorações em sua terra natal, haverá a inauguração dos bustos de Irmã Gabriela, tia de Dom José Alves, e do próprio Dom José Alves. O busto da freira será colocado nas novas ruas próximas à rodoviaria e, o de Dom José Alves, será colocado em frente à Igreja matriz de Santo Antônio, em seu lado direito, tendo assim uma homenagem semelhante á que recebeu Dom Antônio Augusto de Assis (1863 - 1961), também lagoense e que foi bispo de Pouso Alegre, Guaxupé  e Jaboticabal. (clique aqui para mais informações sobre Dom Antônio Assis)

Quem foi Dom José Alves Trindade

          Filho de Antônio Alves da Trindade e Maria das Dores do Nascimento Trindade, Dom José Alves Trindade nasceu em Lagoa Dourada (MG) no dia 07 de outubro do longínquo ano de 1912 numa família numerosa. Era irmão de Antônio do Nascimento e Teresinha, por parte de pai e mãe e só por parte de pai de Antônio, Maria Luísa, Vera Cruz, Nivaldo e Jadir.Após os estudos secundários, foi estudar em Roma no ano de 1934. Aluno fundador do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, estudou Teologia na Universidade Gregoriana e, na Basílica de São João latrão, no dia 27 de março de 1937, tornou-se padre. Foi eleito Bispode Bonfim (BA) no dia 4 de setembro e ordenado em 21 de novembro de 1948, sob o lema “Que todos sejam um”.

 

           Durante 39 anos exerceu um episcopado missionário. Sete anos na Bahia e 32 anos na Igreja Particular de Montes Claros, onde tomou posse apenas um dia antes de completar 44 anos, 6 de outubro de 1956. Tinha muita proximidade com os fiéis. Era desde confessor até educador para as diversas práticas de higiene e saúde básica, de alimentação, boas maneiras e da verdadeira política.

 

           Uma das maiores características de Dom José Alves era a forte presença de espírito. “Muito alegre e contador de piadas”, costumava lembrar sua irmã, Vera Cruz Trindade, a Verinha, que cuidou dele durante mais de três décadas. Além da vocação para dar boas risadas, Dom José sempre conservou o hábito de não permitir a maledicência. “Não podia falar mal de ninguém perto dele. Quando isso ocorria, meu padrinho dava um jeito de contar uma piada, dando a entender aos que estavam presentes que ele não havia gostado do comentário”, dizia Verinha.

 

           Dom José Alves Trindade foi um dos participantes do célebre Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), realizado em Roma com o objetivo de revigorar o catolicismo em vários aspectos pastorais. Apenas um ano depois, o prelado presidiu a 1ª Assembleia Diocesana de Pastoral, de onde emergiu o documento “Diretrizes Pastorais de Montes Claros 1967-1970”, que abria a Igreja Particular de Montes Claros para as mudanças que emergiam da Cidade Eterna, e a 2ª ADP, que gerou o “Planejamento Diocesano de Pastoral 1981-1983”.

 

           Em 1982, Dom José Alves ganhou como Bispo Coadjutor Padre Geraldo Majela de Castro. A partir de então centrou mais atenção na administração da Diocese. A pastoral deixou a cargo do colega de episcopado. Seis anos depois, após completar 75 anos, e para cumprir o que reza o Código de Direito Canônico, apresentou sua renúncia e se tornou emérito. Sucedeu-o Dom Geraldo Majela de Castro.

 

        Dom José Alves Trindade amava tanto Montes Claros que, tempos antes de se aposentar, decidiu construir uma casa em sua terra natal, para onde pretendia mudar-se assim que deixasse o governo da Diocese. Mas nunca cumpriu a promessa. Ficou na capital do Norte de Minas até sua morte.

 

           O prelado morreu no dia 8 de março de 2005, vítima de insuficiência respiratória, após longos anos passados em cima de uma cama e na cadeira de rodas.O corpo do Bispo Emérito chegou à Catedral pouco depois das 21 horas do mesmo dia, conduzido por Dom Geraldo Majela de Castro, e vários padres. Um deles, o vigário-geral da Arquidiocese, Monsenhor Rocha, primeiro sacerdote a quem Dom José Alves ordenou, presidiu a primeira Missa de Corpo Presente, após os ritos próprios oficiados em seguida à entrada do corpo no templo. Pároco da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, Padre Dorival Souza Barreto Júnior, um dos últimos padres que o Bispo ordenou, celebrou Missa na manhã de quarta-feira (09/03). Durante a madrugada de terça-feira e o dia seguinte ocorreram várias missas. Centenas de fiéis estiveram no velório, dando o último adeus ao Bispo Emérito que, agora, jaz na cripta da Catedral Metropolitana, ao lado dos bispos Dom Aristides Porto e Dom João Antônio Pimenta.

FONTE: Site da Arquidiocese de Montes Claros