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sábado, 29 de setembro de 2012

História política de Lagoa Dourada: a rivalidade "pêga/orêia" x "braquiária"



História política de Lagoa Dourada

Fazendo uma pesquisa na internet sobre as coisas de Lagoa Dourada, me deparei com este ótimo texto de resgate da história política lagoense. O texto que se segue é uma adaptação da reportagem de autoria de José Venâncio de Resende que foi publicado pelo “Jornal das Lajes” no dia 11 de outubro de 2011. Se você desconhece a história que originou a rixa “pêgas/orêias” versus “braquiárias”, leia com atenção e se intere um pouco mais sobre nosso passado político.

Apesar de Lagoa Dourada existir há 300 anos e ter sido emancipada em 1911, os nomes das duas principais correntes políticas – “pêgas” e “braquiárias” – surgiram há cerca de vinte anos. Foi uma invenção de Palmério José de Melo, numa alusão aos grupos políticos do antigo PSD (criadores do jumento Pêga) e da antiga UDN (asinino não come capim braquiária) que não se misturam.
 
Os “pêgas” reúnem políticos da tradicional família Resende que se alojaram no antigo PSD (Partido Social Democrático), mas que com a ditadura militar de 1964 trocaram o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), seu destino natural, pela Arena 2 e que mais tarde voltaram às origens, ingressando no MDB/PMDB.

Já os “braquiárias” representam a tradição da família Rodrigues Chaves que cerrou fileiras na antiga UDN (União Democrática Nacional), mais tarde Arena 1 (Aliança Renovadora Nacional, fundada em 1965), e que desembarcou no ninho do PSDB depois de passar pelo PDS (Partido Democrático Social) nos anos 1980.   

Rivalidade entre Braquiárias (PSDB) e Pêgas (PMDB) marca a política de Lagoa Dourada

  
Como política não é linear nem estática, houve pelos caminhos lagoenses “mutações” como, por exemplo, partes de famílias que migraram para o outro lado ou mesmo o aparecimento de “intrusos”. Da mesma forma, no cenário local o sistema partidário não segue necessariamente um alinhamento automático com o que ocorre no território nacional. Basta lembrar que o PSDB nacional nasceu em 1988 de uma costela do antigo MDB. 

De qualquer forma, as paixões não são mais tão fortes como antigamente. “A política aqui já foi muito mais ferrenha; hoje o pessoal está mais aberto”, diz Cláudio Resende, dos “pêgas”. Opinião esta que nem sempre é compartilhada pela velha geração. “Politicamente, somos Resende que não passam na mesma pinguela que os Resende de lá”, afirma José Maria Chaves, o popular Nhô do Toti, dos “braquiárias”.
Um dos protagonistas dessas “mutações” é Antonio Barreto Pereira Neto da nova geração de políticos de Lagoa Dourada. A família Pereira foi aliada e defensora da antiga UDN, mas o avô de Barreto, da Fazenda das Bandeirinhas, rompeu com essa tradição ao se candidatar vereador pelo então PSD. No rastro do pai, Haroldo Barreto tornou-se vereador do PSD por vários mandatos.

A eleição de 1976 foi considerada como a da “traição de Joaquim Silvério dos Reis” pelo “historiador popular” José Campos de Resende, autor do livro “De Lagoa Dourada”.  Tudo começou em 1954, quando Antonio Pinto foi candidato a prefeito pela UDN, mas foi derrotado, relata José Campos. Então, Pinto transferiu-se para o PSD e foi eleito prefeito em 1958. Na eleição seguinte (1962), o PSD trocou de candidato e manteve o poder em suas mãos.

Depois do mandato tampão de 1971-72 com Gilberto Vieira de Resende, Antonio Pinto volta à prefeitura em fevereiro de 1973. “Aí veio a traição”, de que fala José Campos. Ou seja, Pinto teria apoiado o adversário “atrás das portas”, ajudando a eleger José Augusto Pereira em 1976 pela Arena 1 (ex-UDN) que teve vida longa (16 anos) na administração municipal (1977-92).

Em 1992, os udenistas (já PDS) foram derrotados por uma dupla de “intrusos” que aproveitou o momento de desorganização e fragilidade do PSD histórico (então, PMDB). Trata-se de Vicente Sebastião da Costa, o Vicentão, e seu vice Sebastião Vitor, que elegeram na sequencia o empresário são-joanense Rogério Zerlotini, sem tradição na política local. Mas Rogério rompeu com o “padrinho” e tentou a reeleição numa disputa que, pela primeira vez, teve três candidatos, ou seja, José Valter Vieira, pela oposição udenista (atual PSDB), e o próprio Vicentão, como terceira via pelo Partido Liberal (PL). Nesta divisão, o PSDB foi o vitorioso, com José Valter, e ficou no poder por dois mandatos (2000-2008).

Apesar de “estranho no ninho”, a gestão de Vicentão foi uma época de desenvolvimento para Lagoa Dourada, na visão de José Campos. “Ele promoveu bastante o progresso, com melhoria por exemplo do meio rural (conservação e construção de estradas e pontes) e a construção do Parque de Exposição Coronel José de Rezende. Já a administração de Rogério “foi um período sem brilho”, de acordo com José Campos.

Os Chaves e a UDN 

No livro “Lagoa Dourada 300 anos – Síntese Histórica”,  Dauro J. Buzatti relata que o primeiro presidente da Câmara, que exercia o papel de administrador municipal, foi o médico Abeilard Rodrigues Pereira (1912-18). Ligado aos Resende e político de destaque, dr. Abeilard fora eleito deputado em 1891, para o 1º Congresso Constituinte do Estado de Minas Gerais. 

Nhô do Toti conta que seu avô, Evaristo Rodrigues de Resende, fez parte da primeira Câmara Municipal, depois da emancipação de Lagoa Dourada, e foi importante chefe político local e aliado dos ex-presidentes Artur Bernardes e Washington Luís. Os netos de Evaristo, Antonio de Souza Resende e José Resende Souza, o José Maia – filhos de Aristides de Sousa Maia e Maria do Carmo de Resende Chaves – foram os fundadores da UDN em Lagoa Dourada.

O bacharel em direito José Maia foi o segundo prefeito de Lagoa Dourada, administrando o município por curto período (28/06/1946 a 29/11/1947). Ele substituiu Ernesto Resende (PSD), que pediu exoneração após ocupar o cargo por 16 anos seguidos (de 1931 a 1946), de acordo com Buzatti.

Segundo Buzatti, Ernesto empenhou-se na manutenção da estrada, ligando Carandaí a Lagoa Dourada, além de aprovar a elaboração do primeiro plano diretor da cidade e o calçamento de diversas ruas. Já o terceiro prefeito, Elisiário José de Resende (1947 a 1951), também do PSD, dedicou-se à nova ligação rodoviária (atual MGT-383) de acesso à capital mineira, através da antiga BR-3 (atual BR-040), e a cidades vizinhas como São João del-Rei. Ele ainda administrou o município por mais dois mandatos (1955-59 e 1967-71).

Nhô do Toti, como o pai Evaristo, nunca se candidatou a qualquer cargo – “o eleitor cobra da gente toda hora, pelo resto da vida” – mas continua na militância política (é membro do diretório do PSDB desde a sua criação). Já seus irmãos Geraldo da Aparição Chaves (Dico do Toti), aposentado da Minas Caixa, e Paulo de Jesus Chaves exerceram mandatos políticos no legislativo e no executivo municipal. Para Nhô do Toti, José Valter Vieira (eleito pelo PSDB para as gestões 2001-04 e 2005-08), que teve Dico como vice no segundo mandato, foi o melhor prefeito de Lagoa Dourada. Quando a corrente udenista começou a ganhar eleições, houve mais competição, diz Dico do Toti. “Hoje, a cidade está boa, muita construção nova...” 

Um dos símbolos da família Chaves é a antiga casa da Rua Tiradentes, 94, construída em 1725 por André Rodrigues Chaves, que veio de Portugal e se casou com uma sobrinha de Tiradentes, Maria Teresa, de acordo com Nhô do Toti. O primeiro pároco de Lagoa Dourada, padre Antonio Rodrigues Chaves, neto de André, morou no casarão a partir de 1832, segundo relato de Buzatti. O imóvel foi alternadamente casa paroquial e residência da família Chaves até que, em 1978, foi readquirido por Dico do Toti que nele reside com sua família. 

Entre 1912 (ano da criação do município de Lagoa) e 1930, o cargo de executivo municipal era exercido pelo presidente da Câmara Municipal, pois não havia o cargo de prefeito.


Novas lideranças

A eleição de 2008 foi marcada por três candidatos na faixa dos 40 anos, ou seja, Antonio Carlos Chaves de Resende, o Antonio Mangá (PMDB); Alberto Queiroz Soares (PSDB); e David da Costa Silva (PT). Isto mostra uma renovação dentro da estrutura política tradicional, observa Barreto que é secretário de Agricultura e Meio Ambiente da atual administração dos pêgas, presidida por Antonio Mangá. O perfil dos candidatos não conduz mais para campanhas políticas ferrenhas, diz, mas apesar da renovação a paixão partidária ainda continua. “Esse Cruzeiro e Atlético não se dissolveu, não”, resume.

Já o PT é visto como um potencial gerador de novas lideranças, que também deve colocar pressão sobre as correntes políticas tradicionais para renovar as suas fileiras, acredita Barreto. Nas últimas eleições, o PT lançou candidato próprio para a Prefeitura e conseguiu eleger uma vereadora, Nanci das Dores de Carvalho Melo, tornando-se o fiel da balança na Câmara Municipal. Tanto que se aliou com o PMDB, indicando Afonso Campos Maia, então candidato a vice-prefeito, para a Secretaria de Educação e garantindo assim a maioria de cinco vereadores para os “pêgas”.
         
         Nas eleições de 2012, novamente a disputa passa a ser centralizada entre “orêias” e “braquiárias”, onde o atual prefeito Antonio Mangá (PMDB) tenta a reeleição contra o seu antecessor José Valter (PSDB) que busca o seu terceiro mandato.

Um dos principais desafios da administração municipal 2013-2016 será o de construir um anel viário, que permita o desvio do tráfego pesado rodoviário (MGT 383) da área urbana de Lagoa Dourada (nos fins de semana, por exemplo, é intenso o trânsito entre Belo Horizonte e São João del-Rei/Tiradentes). Ou seja, comerciantes de combustíveis (postos), indústria moveleira e fabricantes de rocambole temem o esvaziamento da região comercial da cidade justamente cortada pela rodovia - nada que um bom trabalho de marketing e publicidade não resolva. Além disso, também há o desafio da pavimentação da MG-275, ligando Lagoa à Carandaí, e que está em processo licitatório.
          
Outro fator de melhoria do trânsito será o novo terminal rodoviário que, nas palavras de Dico do Toti, “foi construído no mandato do José Valter, só falta inaugurar”. Atualmente, o principal ponto de embarque/desembarque de passageiros é feito na Praça Ernesto Resende. Mas a nova rodoviária, de acordo com Barreto Neto, foi  construída em localização condenada pela engenharia do trânsito. Isto exigiu do atual prefeito, além de terminar a obra (acabamento), viabilizar a logística de trânsito e pavimentação do acesso ao terminal.

Só nos resta analisar os planos de governo dos dois candidatos, votar consciente no dia 7 de outubro e esperar para ver se serão “pêgas” ou “braquiárias” os responsáveis por administrar essas e outras questões pelos próximos quatro anos.


FONTE: 

José Venâncio de Resende, Jornal das Lajes, 11/10/2011

Dauro Buzatti, livro “Lagoa Dourada 300 anos – síntese histórica”

terça-feira, 11 de setembro de 2012

2° Encontro de Jovens

                 A escola Municipal Maria Marcília de Rezende (do povoado do Arame) irá sediar o II Encontro de Jovens da Paróquia Santo Antônio de Lagoa Dourada.
                 Espera-se a participação de grande quantidade de jovens de todas as idades nos dois dias do evento (15 e 16 de setembro de 2012). Será um evento de muita fé e animado pelo Ministério Jovens Mensageiros de Jesus (de Lagoa Dourada), pela Missão Santidade de Barroso e pela equipe do Ministério Jovem da Diocese de São João del-Rei.
Para maiores informações, ver cartaz abaixo (clique na imagem para ampliar)

Segundo Encontro de Jovens - Arame, Lagoa Dourada/MG